Quem sobreviveu à perfídia não teme tolerância zero.


Em janeiro de 2023, milhares de brasileiros, pacificamente acampados diante de quartéis, acreditaram que ali estariam sob a guarda da instituição que deveria ser o último reduto de confiança nacional: o Exército. A resposta, no entanto, foi uma das maiores traições já registradas em nossa história recente. Depois das manifestações na praça dos três poderes, os acampados em frente ao QG do exercito, em Brasília, foram presos. Cumprindo ordens do STF, prenderam aqueles que pediam apenas para serem ouvidos e foram, em seguida, entregues em massa às prisões. A perfídia, condenada até nos códigos de guerra, foi praticada contra cidadãos desarmados.

Agora, o mesmo Exército anuncia que não mais permitirá manifestações próximas aos quartéis. Ameaça com “tolerância zero” os mesmos brasileiros que um dia confiaram suas vidas à instituição. Mas quem sobreviveu à perfídia não teme retórica. Porque já enfrentou o que há de mais cruel, a quebra da palavra, a entrega traiçoeira, a conivência silenciosa com um regime de exceção que persegue e cala conservadores.

Tolerância zero não assusta, até porque o último lugar que um brasileiro iria hoje para se manifestar, ou até mesmo se proteger, seria um quartel do exército. O que assusta é ver a instituição que deveria ser a guarda da soberania nacional se transformando em braço auxiliar de quem governa pelo medo. A perfídia de 8 de janeiro é uma ferida que não cicatriza e que não será apagada por "comunicados oficiais".

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